Filosofia, Política e Educação
Objetivos
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Desenvolver pesquisas e estudos de Economia Política Clássica, Filosofia, Ciências Políticas e Educação voltados para a análise da história e da sociedade contemporânea.
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Estudar e divulgar a teoria dialética em Hegel, Marx e Gramsci.
1. A QUESTÃO ESTADO: O PERCURSO TEÓRICO DE MARX
O percurso teórico de Marx sobre a questão Estado já é bastante conhecido. Novamente, pretende-se, aqui, refazer esse percurso, não para simplesmente repetir o que já é lugar comum entre seus comentadores, a despeito das diferenças entre eles, mas, sim, com um objetivo definido, que é a crítica que aquele pensador faz dos chamados direitos humanos. Para tanto, faz-se necessário uma leitura da Filosofia do Direito de Hegel, pois é nessa obra que esse filósofo expõe suas reflexões sobre a Declaração dos direitos do homem e do cidadão, (Déclaration des Droits de l'Homme et du Citoyen), ideais libertários e liberais da primeira fase da Revolução Francesa (1789-1799). É essa mesma Declaração que irá servir de base para a elaboração das constituições francesas, da segunda república, de 1848.
A crítica de Hegel a Declaração dos direitos do homem e do cidadão centra-se na ideia de que tal Declaração enuncia um prioncípio que se apresenta soba forma de imediação, isto é, de um mero princípio declaratório. Ora, para esse filósofo, permanececer nesse nível de abstração é ficar prisioneiro de uma ligação contratual entre os direitos e deveres do cidadão, uma vez que esse princípio exclui as mediações necessárias para concrertizá-lo como liberdade efetiva.
Marx, por sua vez, crítico veemente da Filosofia do Direito de Hegel, na Para a Questão Judaica e 18 de Brumário, elabora sua crítica centrada no fato de que tais direitos são direitos que excluem os homens uns dos outros, pois cada um pode gozar de seus direitos desde que os demais estejam deles excluídos, como ocorre com o direito de propriedade. São direitos que fazem com que cada homem encontre no outro uma barreira à sua liberdade.
Como se pode perceber, este estudo do percurso teórico de Marx sobre a questão Estado exige um longo e penoso trabalho de leitura dos textos de Hegel e de Marx. Uma leitura nada fácil, principalmente se se considerar a heterogeneidade do Grupo de pesquisa, que inclui especialistas de diversas áreas e alunos de graduação.
2. CAPITALISMO, ESTADO E EDUCAÇÃO EM KARL MARX E ANTONIO GRAMSCI
O principal objetivo desta linha de pesquisa é analisar as relações entre capitalismo, Estado e educação à luz do pensamento de Karl Marx e Antonio Gramsci. Considerando que a problemática educacional vincula-se ao entendimento da natureza do Estado como um complexo jurídico-político-ideológico que tem a finalidade de “adequar a ‘civilização’ e a moralidade das mais vastas massas populares às necessidades de desenvolvimento contínuo do aparelho econômico de produção [...]” (GRAMSCI, 1975, p.1576), o objeto de estudo aqui adotado interessa às áreas de Filosofia da Educação, Trabalho-Educação e Política-Educacional.
No quadro geral do pensamento pedagógico brasileiro, as ideias de Marx e Gramsci não somente ocupam lugar particular, como também são fonte de múltiplas interpretações, polêmicas e discussões. Não obstante a profusão de escritos sobre o pensamento político-pedagógico destes autores deve-se observar que ainda hoje seus conceitos de Estado suscitam inúmeros debates entre pesquisadores e teóricos. Não seria forçoso dizer que o conceito marxiano/gramsciano de Estado é o foco central de atenção dos pedagogos progressistas, uma vez que fornece o arcabouço categorial que permite compreender o papel da educação, em especial das políticas públicas educacionais e da organização escolar formal, numa perspectiva dialética.
A forte influência de Marx e Gramsci no campo pedagógico brasileiro inicia-se a partir da segunda metade da década de 1970. Este período foi marcado pelo crescimento das lutas empreendidas pelos trabalhadores brasileiros, assim como pelo surgimento das mais variadas posições socialistas no cenário da vida política brasileira. Neste contexto, educadores brasileiros, críticos das relações sociais capitalistas, no esforço de compreender o papel que a escola assume numa sociedade capitalista, passaram a questionar a crença na neutralidade da educação e a chamar a atenção para o fato de que a prática pedagógica escolar não se reduz a um conjunto de técnicas e métodos de ensino.
Entrementes, tornou-se uma espécie de consenso a ideia de que o fenômeno educativo escolar não poderia mais ser analisado de forma abstrata e a-histórica, mas a partir de seus condicionantes econômicos, políticos e sociais. A prática educativa escolar, por conseguinte, passou a ser contextualizada e suas determinações buscadas para além do aspecto técnico. Doravante, buscar compreender, à luz do pensamento de Marx e Gramsci, o papel que a escola (na perspectiva da classe trabalhadora) assumia numa sociedade capitalista implicava recuperar o sentido atribuído por estes pensadores às categorias de Estado e Sociedade Civil. Estas categorias são importantes, portanto, porque possibilitam investigar a função sócio-política da escola sob o capitalismo, seja no que diz respeito ao seu papel na reprodução das relações sociais de produção seja no que diz respeito às suas possibilidades na elevação da consciência política dos trabalhadores.
Professores
Prof. Dr. Francisco José Soares Teixiera (Economia/ URCA)
Prof. Dr. Thiago Chagas Oliveira (Educação/ URCA)
Prof. Ms. Ricardo Dias de Almeida (Filosofia/ UFCA)
Estudantes
Havana Maria Ribeiro Alves (Mestranda Serviço Social/ UFAL)
PROJETOS EM ANDAMENTO
Projeto de Pesquisa
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Linha de pesquisa: Filosofia, Política e Educação.
Título: Uma Leitura Crítico-Comentada da Crítica de Marx à Economia Política Clássica em Os Manuscritos Econômico-Filosóficos (2015.1 - )
Estudantes: Havana Maria Ribeiro Alves (Mestranda Serviço Social/ UFAL)
Objetivos
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Discutir a natureza da crítica marxiana contida nos Manuscritos Econômico-FIlosóficos daquela que Marx desenvolve posteriormente, mormente nos Grundrisse e no Capital.
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Discutir a tese althusseriana que estabelece um corte epistemológico entre as obras de juventude e de maturidade de Marx.
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Acompanhar a interlocução crítico-conceitual estabelecida por Marx com Adam Smith e David Ricardo.
Título: GRAMSCI E A FORMAÇÃO DO PENSAMENTO EDUCACIONAL MARXISTA BRASILEIRO (1970 – 1980): ESTADO, SOCIEDADE CIVIL E ESCOLA (2015.1 - )
Objetivos
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Analisar o impacto político-pedagógico de Antonio Gramsci para a formação do pensamento pedagógico brasileiro nas décadas de 1970 e 1980.
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Expor as relações entre Estado, sociedade civil e escola no pensamento de Antonio Gramsci.
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Expor as determinações gerais da estrutura econômica, social e política brasileira da década de 1980.
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Investigar as determinações econômicas, políticas e históricas que determinaram a inserção da teoria gramsciana no pensamento educacional brasileiro.
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Perquirir as vias de introdução do pensamento gramsciano no Brasil (universidades, partidos políticos, sindicatos, movimentos sociais etc.).
